28 abril 2013

'' Betting Her ''




Capítulo 7


Créditos : Heloísa Bernardelli

"You know it's only just begun" (Never Gonna Be Alone - Nickelback) 

[n/a: Musiquinha no JÁ, huh? *-* ] 

No primeiro contato de meus olhos com a claridade, eu quis fechá-los e voltar a dormir, mas um flash rápido do fim da noite anterior me fez saltar da cama ansioso para vê-la. Eu não queria pensar em como seria chegar ao colégio com ela, no mínimo estranho, mas de uma forma surpreendente eu não estava me importando nem um pouco com isso, apenas preocupado com o tamanho da importância que ela iria dar a esse fato. 
Tomei um banho rápido e peguei um iogurte antes de me despedir dos meus pais e sair de casa, preferi não dar muitas explicações, por maiores que fossem as cobranças da minha mãe. Enquanto parado no sinal, eu intercalava minhas tarefas entre tomar o danone e escolher um CD para colocar no rádio. Coloquei uma coletânea de pop/rock e deixei tocando enquanto dirigia apressadamente até a casa dela. 
Assim que estacionei o carro, eu a vi sair de casa com o irmão, que deveria ter 6 anos, no máximo. Ele vinha carregando uma mochila enorme nas costas e uma lancheira do Homem-Aranha, que me lembrava bastante as minhas. Lua o segurava pela mão enquanto com a mão livre trazia todo seu material. Desci do carro e andei depressa até os dois, que me olharam, Lua me sorriu e eu a imitei. 

- Deixe-me te ajudar. - Eu disse, pegando seu material todo e abrindo a porta de trás do carro para colocá-lo sobre o banco. - Como é seu nome? - Perguntei ao irmão dela, que me olhava envergonhado. 
- Diga seu nome a ele. - Ela pediu ao irmão, que baixou a cabeça. 
- Ryan. - Ele disse quase inaudivelmente, eu a olhei e nós rimos baixo. 
- E então, Ryan, hoje eu vou levá-los à escola, beleza? - Eu disse e ele me olhou, assentindo. - Então vem cá para eu te ajudar a subir. - Ele correu até mim e, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele já estava dentro do carro, acomodado no assento. - Coloque o cinto. - Eu disse, rindo e fechando a porta. - Seu pai? Você disse a ele? - Perguntei, abraçando-a lentamente pela cintura. 
- É, eu disse que você é um amigo, ele não gostou muito da ideia. - Ela disse sem graça e eu sorri. 
- Ele vai acabar se acostumando. - Dei de ombros e selei meus lábios lentamente aos dela. - Madame. - Brinquei, abrindo a porta e oferecendo a mão como apoio. 
- Obrigada, cavalheiro. - Ela disse, segurando minha mão e entrando no carro, eu ri e fechei a porta. 

Fomos conversando com Ryan durante todo o caminho até sua escola, ele era de fato bem menos tímido que a irmã, em dez minutos ele me contou sua vida inteira e automaticamente acabei descobrindo que ele e Lua eram irmãos apenas por parte de pai, já que ela e a mãe eram brasileiras e moraram no país de origem até 7 anos atrás. Quando seus pais se conheceram e eles se mudaram para cá, foi quando ela começou a ter algumas de suas aulas comigo. 

- Ryan, o papai passa para te pegar, está bem? - Ela conversava com ele, que esperava ela terminar para poder descer. - Não brigue, coma seu lanche direito, preste atenção e copie toda a matéria. - Ela disse, autoritária, e eu ri, Ryan também deu risada. 
- Tudo bem, Luinha. - Disse arrastado, fazendo-me gargalhar, logo depois saltou do carro e fechou a porta. 
- Não ria, ele acha que eu estou brincando. - Ela disse, emburrada. 
- Eu tenho certeza que ele te respeita. - Eu sorri e coloquei a mão sobre a sua, fazendo um carinho suave, ela me olhou e sorriu abertamente. 

Inclinei-me um pouco na direção dela e ela fez o mesmo na minha direção, coloquei a mão no seu rosto e fiz um carinho lento em sua bochecha, roçando o nariz no seu até colarmos nossos lábios e iniciarmos um beijo calmo, bom o suficiente para esquecermos das horas. 
Estacionei o carro no gramado e desci do carro antes dela, abri sua porta e a ajudei a descer. Juntei seu material e coloquei nossas mochilas em meu ombro, ela segurou seu fichário e eu peguei seus livros antes de fechar a porta e ativar o alarme. Ela estava abraçada ao material, olhando-me timidamente, sem saber o que fazer. Eu segurei seus livros com um dos braços, guardei a chave no bolso da calça e estendi a mão até ela. Lua respirou fundo e me deixou entrelaçar os dedos aos seus. Logo as pessoas começaram a se voltar para nós dois, caminhávamos sem olhar para os lados, sabiamos que isso iria incomodar, por mais que fingíssemos que não. 
Lua apertava minha mão constantemente a cada passo em direção ao refeitório, as pessoas no corredor nos olhavam e comentavam sem discrição alguma, não faziam questão nenhuma disso. Paramos nos armários e abandonamos parte do material ali, depois voltamos a nos dirigir à cantina. As portas se fecharam atrás de nós e uma exclamação muda ecoou o ambiente. Eu senti meus joelhos cederem um pouco, Lua estava gelada e eu podia sentir sua tensão apenas de segurar sua mão. 
Saímos do refeitório e sentimos como se parte do peso em nossas costas houvesse caído, havia um pouco menos de gente ali, ainda assim o pouco que tinha nos encarava com incredulidade. Eu tive vontade de dar risada assim que a tensão passou. wow, éramos a novidade da escola. 

- Eu acho melhor não. - Ela disse, vendo que eu a levaria até a mesa dos garotos. 
- Por quê? - Eu perguntei, apertando sua mão devagar. 
- Eles não gostam de mim. - Ela disse, receosa. 
- Eles não te conhecem. - Eu disse e dei de ombros. - Venha, eles não vão te fazer nada. 

Lua cedeu e voltou a caminhar junto de mim, um passo atrás, tentando se encolher nas minhas costas, eu sorri divertido ao perceber isso. Os garotos me olhavam, pedindo explicações com suas expressões espantadas, eu sorri para eles e, assim que parei próximo à mesa, eu passei meu braço pelos ombros de Lua. 

- Guys, essa é Lua; Lua, esses são Micael, Chay e Pedro. - Apontei de acordo com a ordem dos nomes e ela sorriu fraco. 
- Olá. - Ela disse, baixo. 
- Oi, Lua. - Chay disse, sorrindo de lado. Os outros dois apenas acenaram, sorrindo também. 
- Venha, vamos nos sentar. - Eu disse, sentando-me e dando espaço ao meu lado para ela fazer o mesmo, encolhida em meus braços. 
- Er... vocês dois estão juntos, então. - Pedro comentou, olhando-me sugestivamente. 
- Estamos, não é? - Olhei para ela, que sorriu tímida e assentiu. 
- Legal. - Chay disse, sorrindo, eu sorri para ele e a apertei no braço. 
- Cara, desculpa interromper o momento, mas eu estou... fodido. - Micael disse, um pouco constrangido por falar isso perto dela, que riu baixo. 
- O que aconteceu, mate? - Eu perguntei, rindo. 
- Eu tenho uma prova de Física e eu não sei nem a fórmula de Baskara. - Eu olhei para Lua e para Pedro, que começou a rir, acompanhando nós todos, exceto Micael. 
- Cara, Baskara é em Matemática, só para te avisar. - Chay disse rindo. 
- Ah, que seja, eu disse que eu não sabia a fórmula! - Deu de ombros e eu gargalhei. 
- Que matéria que é? - Peu perguntou. 
- Alguma coisa com eletricidade. - Micael disse, escondendo o rosto nos braços. 
- Eletromagnetismo? - Lua perguntou e Micael ergueu a cabeça. 
- Isso. - Ele disse, olhando para ela. 
- Se quiser, eu posso tentar te ensinar. - Ela disse com os ombros encolhidos. - Eu fiz prova disso segunda-feira. 
- Sério?! - Ele perguntou com um sorriso psicótico no rosto e ela assentiu. 

Micael trocou de lugar com Chay e Lua comigo, ficando assim entre mim e Micael. Ficamos ali um tempo até o sinal tocar, Micael parecia ter entendido o que ela havia explicado, por mais que o tempo tenha sido escasso, ele poderia completar ao menos alguns exercícios. 
As aulas passavam e eu estava totalmente alienado àquele ambiente, aquelas pessoas que me olhavam tachando coisas maldosas em suas mentes vazias. Eu não me importava, eu realmente não iria mais dar importância a coisas que não tinham, eles não mereciam tanto valor, tanta atenção. Eu estava disposto a apenas ignorá-los e ensinaria Lua a fazer o mesmo, ainda que isso custasse dias difíceis. 
Sorri sozinho ao me lembrar dela, o que se passava com meu coração que apenas de citar seu nome mentalmente ele disparava feito um idiota, louco para sair pela boca? Será que ela também se sentia assim? Sorri mais ao imaginar que sim. Lua era vaga para mim, impenetrável. Eu não conseguia saber o que se passava pela cabeça dela, ela não me deixava saber, ela não parecia se importar, mas quando eu me permitia demonstrar ela parecia corresponder. Será que Lua sentia por mim o mesmo que eu sentia por ela? O que eu sentia por ela? 

I wonder what's like to be loved by you. 

Peguei-me escrevendo tal frase, encarei-a por alguns segundos, "loved"? Amado? Eu a amava? Isso era amor? O que é amor? Eu não podia garantir nem um terço do que se passava dentro de mim, assim como não o podia definir com nome algum. Eu não saberia escolher uma de todas aquelas sensações, era tudo tão bom, tão leve, tão puro e tão intenso. Só de pensar em sua boca, no gosto, a maciez e o calor que ela passava, eu chegava a salivar. Seu corpo tão pequeno e frágil quando próximo ao meu, tão cheiroso, tão gostoso em todos os sentidos da palavra. Seus olhos, Deus do céu, que olhos eram aqueles? Que brilho era aquele? Dizem que os olhos de uma pessoa expressam o que cada um passou ao longo de sua vida, os olhos de Lua me expressavam pureza, candura, inocência, algo que eu nunca tinha visto em outros olhos, e eu tinha certeza que não encontraria mesmo que buscasse por anos. Ela tinha o brilho de uma criança nos olhos, uma criança de 17 anos. Uma criança que se perderia em mim, uma inocência que se mesclaria com a impureza se ela me permitisse tocá-la, se ela me permitisse guiá-la, eu a tornaria mulher, e ter a certeza de ser o primeiro a tocar no corpo de uma menina era estupidamente encantador, mais do que se pode imaginar. 
- Sr. Aguiar. - Ergui minha cabeça, desviando a atenção dos borrões que eu havia feito com a caneta para a professora. - Qual a organela citoplasmática diretamente responsável pela degradação das células animais quando privadas de alimento? 
- Huh? - Saiu da minha boca, a sala inteira gargalhou sonoramente e eu sorri sem graça. - Tem alguma coisa a ver com lipídios? - Perguntei inseguro, ela negou devagar com a cabeça e eu sorri sem graça. - Já imaginava. - Dei de ombros e eles riram mais ainda, eu também queria rir, afinal, era engraçado esse tipo de situação. 
- Se não vai prestar atenção na aula, eu lhe apresento a porta da sala. - Ela apontou para a porta e sorriu falsamente cordial. - Porta, Sr. Aguiar; Sr. Aguiar, porta. 
- Uh, ela é uma gata, hein, professora? Me arruma o telefone também. - Pisquei e arranquei risos da sala toda. 
- Aguiar, para fora. - Ela apontou com o polegar e eu ri, eu já tinha sido expulso mesmo. 

Peguei meu material e, antes de sair da sala, eu passei a mão pela porta e pisquei para a professora, passei saliva no meu indicador e esfreguei superficialmente no meu mamilo, depois saí rindo verdadeiramente, até a professora estava rindo quando veio fechar a porta para mim. 
Sem mais o que fazer, eu caminhei pelo gramado até a "árvore mãe", era a maior do pátio e a que fazia maior sombra. Sentei-me abaixo dela e arregacei as mangas da minha camisa, afrouxei a gravata, sentindo-me um pouco enfadado, e desejei estar em casa, de pijama, jogado na minha cama dentro do meu quarto arejado pelo ar condicionado. Larguei meu corpo encostado na árvore, soltei parte do meu material ao meu lado, peguei a folha que eu estava rabiscando e apoiei em um livro qualquer. 
Eu tentava pensar em algo que podia rimar com aquilo, algo que fizesse algum sentido, mas nada parecia bom o bastante. Mais uma vez, desejei estar em casa, talvez ouvindo algum dos meus ídolos me influenciasse um pouco. Assoprei para baixo, tentando aliviar o calor que eu sentia no pescoço e tórax, mas não pareceu adiantar. Olhei para frente e encarei a paisagem vazia à minha frente, Lua podia estar aqui agora, ou poderiamos fugir, como no outro dia, assistiriamos a um filme qualquer e nos beijariamos até ficarmos excitados. Sorri sozinho, será que novamente ela me deixaria deitar-me sobre ela, ou iria querer sentar-se em meu colo? Talvez eu devesse convidá-la para ir em casa. 

I wonder what it's like to be home. 

Essa foi a segunda frase, a única que eu não rabisquei instantes depois de escrever, talvez ela se encaixasse no contexto mais tarde, ou não, que diferença fazia? As pessoas nunca pensam de onde veio a letra, apenas aprendem a cantá-la se ela tiver uma batida legal e pronto. 

- Oi, Thur. - Ouvi a voz de Jessy e ergui a cabeça. 
- Hey. - Disse, sem animação, vendo-a se sentar de frente para mim sobre meus joelhos, mexi-me desconfortável, tentando não olhar sua calcinha. 
- Quer dizer que está namorando a coisinha? - Perguntou, passando as mãos pelas minhas coxas, repositei meu livro sobre as pernas, na intenção de fazê-la parar com aquilo. 
- Estamos juntos. - Eu disse, sentindo minha garganta trancar, provavelmente se ela aparecesse ali tudo estaria perdido. - Você pode se levantar? - Eu perguntei, por fim. 
- Tudo bem, Arthur, todo mundo sabe que é uma aposta. - Ela sorriu, divertida, e apertou minhas coxas, fazendo-me prender a respiração. 
- N-não. - Eu disse sem jeito, a pressão de seus dedos, junto com a pressão mental, deixou-me sem resposta, eu apenas bufei. 
- Você está brochante hoje, gatinho. - Ela disse, levantando-se. - Mas quando estiver cansado de beijinhos e mãozinhas dadas. - Ela comentou sugestiva, erguendo parte da saia até a virilha e depois soltando e voltando a andar. - Sabe onde me encontrar. 

Jessy era a pessoa mais vulgar que eu conhecia, isso é um fato que a escola toda sabia, e ela não fazia questão nenhuma de esconder, nem tentava ser discreta. Metade dos garotos da escola já haviam dormido com ela, ou pelo menos os que tinham acima de 15 anos, essa talvez fosse sua única objeção. "Dentre quatro paredes, vale tudo", esse era, sem dúvida, seu lema de vida. 
Uma aposta, como ela sabia disso? É claro que os garotos não espalhariam, e eu achei que as garotas também não. E por que eu não neguei? Ah, sim, não reajo sob pressão, principalmente se houver uma física entre elas. Droga! 

And I don't walk when there's a stone in my shoe. 

Essa fez todo o sentido, mesmo que não coubesse bem no contexo, como eu disse, isso era o que menos importava agora. O sinal tocou e eu bufei longamente, intervalo, por fim. Eu iria xingar os garotos e suas acompanhantes, iria mandá-los para o inferno e fazê-los reverter toda essa história, antes que simplesmente chegasse aos ouvidos de Lua. 
Levantei totalmente decidido, mas, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, vi Lua  sair pela porta do refeitório com o pescoço esticado, ela me procurava. Ao me encontrar, ela colocou-se a correr em minha direção, segurando as pontas da saia para não causar um acidente ou algo do tipo. Assim que próxima o suficiente, ela se atirou em meu colo num grito abafado, através da tela de dentes expostos no sorriso largo que trazia nos lábios. Eu gargalhei, segurando-a pelas pernas em torno da minha cintura, ela manteve o rosto escondido na curva de meu pescoço por um tempo, até erguê-lo e me encarar, ainda sorridente. 

- Minha pesquisa vai ser publicada! - Ela disse com os olhos mareados, contente. 
- Que pesquisa? - Eu perguntei, sorrindo extasiado. 
- Uma experiência... - Ela viu minha expressão confusa e deu uma risadinha. - Aaaaah, não faz mal você não sabe. - Disse animada, abraçando-me pelos ombros e me fazendo rir. 
- Que bom, pequena, parabéns. - Eu disse, sincero, enquanto ela deslizava o corpo para alcançar o chão, ela me olhou e sorriu. 
- Quero ir embora. - Ela disse, colocando as mãos na cintura, eu contraí o cenho e dei risada. 
- Como é? Lua Blanco querendo matar aula? Não, não quero te corromper, não. - Nós começamos a rir. 
- Vamos, só hoje, por favor? - Ela pediu, segurando minha mão entre as suas. 
- Ok, e para onde você quer ir? - Entrelacei meus dedos aos seus e segurei nossas mãos próximas ao meu peito. 
- Para qualquer lugar com você. - Sorriu, sincera, e eu senti os joelhos fraquejarem, pisquei devagar e respirei fundo. 
- Certo, vamos para qualquer lugar então. 

Assim que pegamos todo nosso material, corremos pelo corredor da secretaria e escapamos pela porta da frente. Lua ria sem parar, ao mesmo tempo que me repreendia por não ter inventado algo melhor para dizermos à coordenadora. Vimos a diretora surgir na porta quando eu já tinha dado partida, joguei meu casaco no rosto de Lua e saí o mais rápido que pude. 

- Arthur! - Ela dizia, exasperada, enquanto eu a levava para "qualquer lugar". - Ela vai te castigar muito por isso. 
- Eu não ligo. - Eu disse, sorrindo com os ombros encolhidos, com a atenção quase toda voltada para o trânsito. 
- Você não se importa com a escola? - Ela perguntou enquanto dobrava meu blazer, eu ri e neguei com a cabeça. 
- Na verdade, não. - Respondi, sincero. - Meu futuro não é esse, me entende? - Olhei para ela, que assentiu. - Eu tenho uma banda, você sabe, é assim que eu quero seguir, vou para Londres e vou crescer como músico. - Eu contava meus planos e a via sorrir. 
- Eu estarei torcendo muito. - Ela disse e eu virei o rosto para ela. 
- Você vai comigo. - Eu comentei, brincalhão, e pisquei para ela. 
- Na verdade, não. - Ela disse, rindo, e eu fiz beicinho. - Eu quero ir para Oxford. - Ela disse, decidida. - Vou fazer Física e me especializar em Física Atômica e Laser. - Sorriu, mordendo o lábio, entusiasmada. 
wow! O nome já me dá dor de cabeça. - Fiz careta e ela riu, fazendo carinho no meu rosto. 
- É basicamente a aplicação interdisciplinar de laser, e mais uns estudos, mas não vamos falar disso. - Ela disse, tirando a mão do meu rosto e batendo uma palminha agitada, eu ri sozinho. 
- Ok, e para onde vamos? - Eu perguntei, olhando para ela. 
- Hum, pegue a Minrow
- Onde vamos? - Perguntei, sorrindo. 
- Pegue a Minrow. - Repetiu entre risos. 
- Uh, vai me surpreender? - Ela deu de ombros e eu ri, direcionando-me à estrada Minrow. 

Coloquei um CD para tocar, Lua baixou o vidro e afrouxou sua gravata, reclamando do calor. Abri minha janela também e acelerei, aproveitando o quase nulo movimento da estrada. Ela retirou os óculos do rosto e esticou a cabeça para fora da janela, permitindo que o vento bagunçasse seu rabo de cavalo. 

- Diminua. - Ela pediu e eu o fiz aos poucos. - Consegue ver aquele desvio ali? - Eu assenti, esticando-me um pouco. - Pode dobrar ali. 
- Uh, você está tentando me seduzir? - Eu perguntei, divertido, entrando no desvio que nos levava a uma estrada de terra. 
- Arthur! - Arrastou, dando-me um tapa no antebraço, totalmente vermelha, eu dei risada e ela suspirou. 
- Desculpa, não foi a intenção te constranger. - Eu disse, sincero, ainda rindo. 
- Tá. - Disse, manhosa, e me sorriu depois. 

Lua me indicou para virar à esquerda e eu o fiz. Pouco depois, eu pude ver a grama verde se mesclar com o amarelo das pequenas flores por todo o campo. Ao longe, que se tornava próximo conforme eu acelerava o carro, uma casa, cabana, ou algo menor que isso. Deveria ter dois cômodos, no máximo, mas foi onde Lua me pediu para estacionar. 

- Ok, você me surpreendeu. - Eu disse assim que desci do carro, ela deu uma risadinha e foi andando pelo gramado. 

Eu olhei em torno de mim e tudo que vi foi nada, absolutamente nada além de grama e algumas árvores. Inalei aquele aroma de mato mesclado com as flores que se erguiam até o início da minha panturrilha. O vento leve fazia com que as copas chacoalhassem, o mesmo faziam os finos galhos que sustentavam os botões amarelos, que muitas vezes eram esmagados por meus pés. 

- Hey. - Ela me chamou e eu me virei para olhá-la, segurando a maçaneta de ferro enferrujada, com a porta brevemente afastada. 
- Tem certeza? - Eu perguntei, receoso. - A gente não sabe o que tem aí dentro. - Dei de ombros, aproximando-me devagar, ela deu risada e negou com a cabeça. 

- Vai vir ou não? - Cruzou os braços, manhosa, e eu ri, coloquei as chaves do carro no bolso e passei o braço por seus ombros, acompanhando-a cabana adentro. 

Um forte aroma de cera mesclado com mofo invadiu minha narina, contraí meu cenho e ouvi a porta ranger atrás de nós até que estivesse fechada totalmente. O interior da cabana era ligeiramente melhor do que eu imaginei, embora estivesse bastante escuro. Lua se soltou de mim e caminhou até uma janela grande, a única do cômodo, próxima a uma porta que eu não sabia para onde levava. A claridade invadiu generosamente toda a cabana, deixando-me ver o estofado xadrez do sofá ao lado de uma lareira de tijolos. 
Lua sentou-se no parapeito da janela, de modo que o sol iluminasse parcialmente seu perfil direito. Caminhei devagar até ela e parei ao seu lado, colocando as mãos no bolso da calça. Ela continuava olhando a paisagem, que era linda, eu tenho de admitir. 
- Sabia que isso é invasão de privacidade? - Eu perguntei, divertido, sentando-me à frente dela no parapeito, ela sorriu e virou o rosto para mim. 
- Na verdade, não. - Deu de ombros. - É de uma das funcionárias da creche, ela não vem aqui para nada, na verdade, ela ia vender o terreno, mas tem grande valor sentimental para a família dela. - Sorriu e eu a imitei. - Sou eu quem venho limpar e cuidar, isso é quase meu. - Disse, cruzando os braços e arqueando a sobrancelha. 
- Oh, me desculpa, senhora proprietária. - Nós rimos. - E você... costuma vir aqui? 
- Não sempre, não tem energia elétrica, eu comecei a vir um pouco mais quando ganhei... meu telescópio. - Apontou com o polegar para a porta atrás de si. 
- Posso vê-lo? - Eu perguntei, curioso, ela assentiu, levantando-se e abrindo a porta do segundo cômodo, um banheiro. Ela trouxe desajeitadamente o telescópio grosso e prateado, levantei-me e fui ajudá-la. 
- Você não vai consegui ver nada de dia, o sol é muito forte, mas ele é muito bom. 
- Podemos vir qualquer dia, à noite, se você quiser. - Eu disse, inclinando-me para olhar pela lente, realmente, não dava para ver muita coisa com a claridade. 
- Tudo bem. - Ela disse, sorrindo. 

Ficamos mais um tempo conversando sobre telescópio e cometas, então me sentei à frente do sofá, em uma cama improvisada. Ouvimos um ruído abafado assim que meu corpo colidiu contra o colchão e a poeira se espalhou pelo cômodo. 

- Estou vendo como você limpa. - Brinquei com ela, que colocou as mãos na cintura e arqueou as sobrancelhas em sinal de desacordo. 
- Faz tempo que eu não venho aqui. - Disse, emburrada, eu dei risada e bati no colchão ao meu lado. - Não vou. - Virou-se de costas, cruzando os braços. 
- Ahhh, não faz assim. - Eu disse, rindo, levantei-me e a abracei por trás. - Vem cá, vem. - Eu dizia, dando risada, ela colocou as mãos sobre meus braços e eu fui caminhando para trás, sentando-me novamente com ela ao meu lado. 
- Canta uma música para mim? - Ela pediu com a cabeça deitada no meu ombro enquanto eu lhe acariciava o braço devagar. 
- Qual música? - Eu perguntei, olhando-a, curioso. 
- Uma da sua banda, nunca os vi tocar. - Eu arqueei as sobrancelhas, surpreso. 
- Você nunca vai às festas da escola? - Eu perguntei e ela negou. 
- Não sou bem-vinda nelas. - Ela disse, baixo, eu sorri. 
- Claro que é, por que não? - Eu perguntei, ainda acariciando seu braço. 
- Não me encaixo naquelas festas, Arthur. - Ela respondeu como se fosse óbvio, eu sorri e beijei sua bochecha. 
- Ainda bem, isso te faz ser tão melhor que eles. - Eu disse, sincero, e ela sorriu para mim, logo em seguida fechou os olhos e suspirou longamente. - Não temos nenhuma música romântica demais, ok? - Ela assentiu e soltou um risinho, passando o braço pela minha cintura enquanto eu me recostava melhor à parede. - Essa é a minha composição mais recente. Ela se chama Not Alone. [n/a: Eeeeê... JÁ! *-*] 

Life is getting harder day by day 
A vida tem ficado mais difícil dia após dia 
And I don't know what to do, what to say, yeah 
E eu não sei o que fazer, o que dizer, sim 
And my mind is growing weak every step I take 
E minha mente está enfraquecendo a cada passo que eu dou 
So uncontrolable now they think I'm fake, yeah 
Tão incontrolável, agora eles pensam que eu sou uma farsa, sim 

Essa música ainda não tinha um ritmo definido, estávamos trabalhando em cima dela, mas, de qualquer forma, eu já sabia de que forma queria que ela ficasse. Comecei cantando devagar, acariciando o braço e o ombro de Lua, sentindo-a respirar calmamente em meu pescoço. 

'Cause I'm not alone, no no no 
Porque eu não estou sozinho, não, não, não 
But I'm not alone, no no no 
Mas eu não estou sozinho, não, não, não 
Not alone 
Não estou sozinho 

Senti o braço de Lua, que estava em torno de mim, apertar devagar, olhei-a de esguelha e vi que ela estava sorrindo de olhos fechados, sorri também pouco antes de voltar a cantar, com os lábios próximo de sua orelha. 

And I, I get on the train on my own 
E eu, eu pego o trem sozinho 
Yeah, my tired radio keeps playing tired songs 
Sim, meu rádio cansado continua tocando músicas cansadas 
And I know that there's not long to go, oh 
E eu sei que não falta muito para chegar, oh 
When all I wanna do is just go home 
Quando tudo que eu quero é apenas ir para casa 

Enquanto cantava em seu ouvido, eu passei a mão desde a sua bochecha até seu antebraço, completamente arrepiada, seus poros totalmente eriçados, o que me fez sorrir ligeiramente e apertar um pouco seu corpo perto ao meu. 

'Cause I'm not alone, no no no 
Porque eu não estou sozinho, não, não, não 
But i'm not alone, no no no no 
Mas não estou sozinho, não, não, não, não 
People rip me for the clothes I wear 
Pessoas me criticam pelas roupas que eu visto 
Everyday seems to be the same, they just swear, yeah 
Todo dia parece o mesmo, eles apenas prometam, sim 
They just don't care 
Eles não se importam 
They just don't care 
Eles não se importam 
They just don't care 
Eles não se importam 

Lua me apertou com força assim que eu cantei a última frase, eu lhe afaguei os cabelos e sorri para continuar a cantar o fim da música. 

'Cause I'm not alone, no, no, no 
Porque eu não estou sozinho, não, não, não 
But I'm not alone, no, no, no, no 
Mas eu não estou sozinho, não, não, não, não 
I'm not... alone 
Eu não estou... sozinho 

Sussurrei a última palavra, modificando um pouco o fim da música, já que eu não podia mais adiar o beijo. Sem esperar que ela abrisse os olhos e aproveitando seus lábios entreabertos, rocei minha boca na dela, fechando meus olhos e sentindo meu estômago revirar assim que nossas línguas se esbarraram pela primeira vez. Uma onda de calor e eletricidade percorreu meu corpo quando Lua colocou a mão em minha nuca e a acariciou com toda sua delicadeza e suavidade. 
Com as mãos nas laterais de seu corpo, um pouco acima de sua cintura, eu tentava encostá-la mais a mim em um dos nossos beijos mais intensos, sem sombra de dúvidas. Desajeitadamente, levei minha mão por baixo da perna de Lua e a puxei para mim, ela não resistiu nem por um segundo, apenas me permitiu deitá-la e descansar uma de minhas pernas entre as dela. Com o joelho e um dos braços apoiados no colchão, minha mão livre lhe acariciava a cintura por cima da saia. 
A panturrilha de Lua esbarrava na minha, brevemente flexionada, eu queria apenas subir sua saia e sentir a textura de sua coxa, o quão quente e macia ela estava, mas eu ainda não me sentia à vontade o suficiente para isso. Suas mãos se decidiam entre acariciar meus ombros e meus braços. Seus dedos finos subiam e desciam, vez ou outra suas unhas me deixavam saber que existiam, mas com uma delicadeza que chegava a fazer cócegas. 
Lua me envolveu pelo pescoço e segurou meu cabelo, permitindo-me beijá-la com uma intensidade ainda maior. Estávamos sem fôlego nenhum, mas não pretendiamos parar só por causa de ar. Com a lateral de seu corpo livre, minha mão tinha acesso para explorar com maior facilidade, desde seu quadril até a altura de suas costelas, apertando-a contra mim. Às vezes, ela abafava gemidos dentro da minha boca, o que me fazia suspirar pesadamente, tentando liberar um pouco da adrenalina que me faria arrancar a roupa dela e fazer coisas que ela não fazia ideia do que se tratava e do quão bom era. 
Conforme eu acariciava seu corpo, sua blusa escapava de dentro da saia, deixando sua barriga exposta. Sua respiração estava totalmente descompassada e por vezes eu achei que ela estivesse com falta de ar, tão ofegante que chegava a fazer ruídos. Isso aumentou gradativamente quando eu arrastei meus lábios entreabertos até sua orelha, depositando beijos suaves, que faziam Lua tremer em meus braços. Totalmente absorto de qualquer coisa que não fosse o calor e o perfume de menina que sua pele emanava, eu depositei a mão sobre seu seio, por cima da camisa, passeando com as pontas dos dedos em seu contorno com discrição. Lua, que agora respirava pela boca, puxava todo o ar possível a cada pressão que meus dedos faziam em seu colo. Suas mãos apertavam minhas costas e antebraço com tanta força que eu cheguei a acreditar que estávamos transando sem penetração, como se nossas almas fizessem amor por conta própria. 
Lua passou os dedos delicados sobre os meus e os apertou sobre o próprio seio, em seguida arrastou minha mão até seu colo, bem próximo de seu pescoço, onde o colarinho da blusa começava. Ainda beijando seu pescoço com umidade suficiente, eu desabotoei o primeiro botão, fazendo o mesmo com os que o seguiam, até a linha do estômago. Sua gravata agora estava solta e seus seios, à vista, amparados apenas pelo sutiã meia taça branco com uma delicada renda lilás e um lacinho no vale dos seios. Meus dedos acariciaram a parte exposta pela peça. Lua forçou os dedos no meu braço, encolhendo-se um pouco assim que cobri seu seio com a mão, massageando-o com cuidado por cima do sutiã até que ela se acalmasse um pouco, então ergui parte da peça com as pontas dos dedos e o que amparava seu seio agora era minha palma. Massageava-o e fazia uma pressão suave, ouvindo-a gemer baixo, próxima do meu ouvido. 
Com a bochecha colada na dela, vez ou outra eu brincava com a língua em sua orelha. Seu seio, embora rígido naquele momento, era o mais macio que eu já havia tido em mãos, eu poderia passar um dia todo apenas sentindo-o se erguer para meu toque. Pensei em beijá-lo, sugá-lo, e só com a ideia de fazê-lo meu corpo se tornava ainda mais quente. Eu estava latejando interiormente dos pés à cabeça, eu nunca quis tanto uma menina como queria Lua, e, por mais que ela também me quisesse e eu soubesse disso através de seus sinais, eu sabia que deveriamos ir passo ante passo, eu iria respeitar os limites impostos por sua consciência, por sua ingenuidade. Ela era leiga e eu tinha o dever de cuidá-la com minha experiência. 
Estávamos absurdamente ofegantes e empapados de suor, como se realmente tivéssemos praticado sexo. Haviamos retomado um beijo e, conforme diminuiamos a velocidade e intensidade com que o faziamos, eu reduzia o ritmo das carícias. Eu sabia que se continuasse não conseguiria parar, meu corpo estava me alertando e me advertindo disso o tempo todo, eu não podia passar dos limites. 
Assim que quebrei o beijo, encostei as pontas de nossos narizes, encarei-a de olhos fechados. Suas bochechas rosadas de calor, adrenalina e timidez. Seus lábios vermelhos e inchados pela vivacidade do beijo estavam entreabertos, sugando ar pouco a pouco, recobrando a sanidade, assim como eu o fazia. Assim que um pouco mais lúcido, eu me afastei minimamente e encarei seu busto, subindo e descendo, chamando pelo meu nome. Pisquei devagar, quase cedendo à clemência, então levei minhas mãos até sua camisa e a fechei com necessidade, Lua acompanhava meus movimentos sem dizer nada, estava séria, talvez um pouco assustada. 

- Está tudo bem? - Eu perguntei e ameacei um sorriso, colocando seu cabelo úmido de suor para trás da orelha. 
- Meu corpo está formigando. - Ela sussurrou, fechando os olhos, eu mordi meu lábio e sorri. 
- Tudo bem, o meu também está, logo passa. - Eu disse, acariciando sua bochecha. 
- É bom. - Ela disse, sorrindo de lado, envergonhada, ainda com os olhos cerrados, eu ri baixo e beijei sua bochecha com força. 
- Vem, é melhor voltarmos antes que eu desista. - Eu disse mais para mim mesmo, já me levantando. O incômodo entre minhas pernas era visível, eu tive medo do que ela iria pensar e, como eu previ, ao notar certa diferença em minha virilha seus olhos saltaram e ela se levantou rápido, arrumando a saia. 

Eu ri sozinho quando ela entrou no banheiro, carregando o telescópio. Fechei a janela e passei a mão pela cabeça, acalmando-me aos poucos. Ela saiu do banheiro com as mãos unidas e a cabeça baixa, eu a abracei, mas ela preferiu manter alguma distância. Saímos da casa e voltamos para o carro, deixamos os vidros abaixados, aproveitando o vento que refrescava nossos corpos e pensamentos. Eu precisava me concentrar em algo que não fosse a lembrança daquela manhã, ou ficaria difícil continuar perto dela. 

- Obrigada. - Ela disse assim que estacionei em frente a sua casa. 
- Ajeite... a gravata. - Eu disse, sorrindo, ela mordeu o lábio e riu baixo, fazendo o que eu tinha dito. 
- Vemo-nos amanhã? - Eu assenti e levei a mão em seu rosto, fazendo um carinho suave em sua bochecha. 
- Eu passo amanhã cedo. - Ela se acercou e nós trocamos um selinho prolongado, sem querer nos afastar. 
- Tchau, Thur. 
- Bom trabalho. - Eu disse, sorrindo. 
- Bom ensaio. 

Pisquei para ela e lhe entreguei seu material, ela empurrou a porta e andou apressada em direção à porta, esperei ela entrar e saí dali. Era hora de ir para casa e me preparar psicologicamente para o ensaio daquela tarde. 

- Guys?! - Chamei, passando pela cozinha. - Oi, tia. - Acenei para a senhora Suede, que me sorriu. 
- Oi, Thur, os meninos estão na garagem te esperando. - Ela disse, carinhosa, eu assenti e atravessei a porta, descendo até a garagem. 
- Olá. - Eu disse, soltando minha mochila sobre uma poltrona. 
- Aaaaah, chegou a margarida! - Micael gritou, irônico, eu apenas dei risada, eles não acabariam com o meu humor naquela tarde. 
- Boa tarde. - Sentei-me no sofá ao lado de Chay e passei um braço pelo encosto, deitando a cabeça para trás. - Calor, huh? - Comentei. 
- Vem cá, posso te fazer uma pergunta? -Peu perguntou e eu ergui a cabeça. 
- Mais uma? - Ele rolou os olhos e assentiu, eu dei risada. - Fala, cara. 
- Você não tinha desistido da aposta? - Ele perguntou e eu vi Micael concordar com a sobrancelha arqueada. 
- Eu desisti. - Respondi com os ombros encolhidos. 
- E que diabos você estava fazendo com ela hoje? E por que sumiram no intervalo? 
- Eu estou com ela, estamos... saindo. - Eu disse, sincero, eles me encararam por dois ou três segundos e explodiram em risadas altas, eu ri um pouco sem entender. 
- Eu não acredito! - Chay bateu palma, vermelho de tanto dar risada. - Arthur, eu sempre soube do seu gosto duvidoso, mas agora você apelou, cara! - Ele dizia entre risos, Micael pressionava a barriga, com as pernas encolhidas próximas do corpo. 
- Não estou vendo graça. - Eu disse, cruzando meus braços. 
- Cara, ela pode ser cheirosinha e tudo, mas bonita ela não é. - Micael disse e eu o encarei enraivecido, como assim "cheirosinha"? 
- Não fale assim dela, idiota. - Eu disse, empurrando ele para o lado, meu amigo me olhou incrédulo e depois começou a rir. 
- Você está falando sério? Está namorando Lua Blanco? - Ele perguntou em tom de indignação. 
- Não estamos namorando, estamos saindo. - Eu consertei, voltando a cruzar os braços e a relaxar meu corpo no sofá. 
- Ok, o que você viu naquilo? - Peu apontou para um canto qualquer com a expressão irônica. 
- Vocês não sabem o que estão falando quando a chamam de feia. - Eu disse, negando com a cabeça. 
- Ah, nós sabemos sim! - Micael respondeu, rindo. - Ela usa rabo-de-cavalo e faixa ao mesmo tempo, ela usa a camisa fechada até o pescoço e a gravata apertada no colarinho, ela é gorda, usa a saia no estômago, meias de jogador de futebol e sapatilhas iguais às da minha mãe. - Ele falou rápido, meus punhos se cerravam a cada coisa que ele dizia. 
- Ela não é como vocês acham, ok? Ela só não valoriza seu corpo. - Eles negaram com a cabeça, morrendo de rir. - Vocês estão duvidando? - Procurei pelo meu celular, mas não o encontrei. - Deixei o celular em casa, mas assim que chegar passo para vocês uma foto, vocês vão ver como ela não é gorda! - Eu disse sério e eles respiraram fundo para me encarar. 
- Você gosta dela, cara? - Micael perguntou, agora usando uma entonação maternal, eu rolei os olhos e virei o rosto para o lado. - Dude, o Thur está apaixonado! - Ele gritou e segundos depois eu senti o peso se tornar enorme sobre meu corpo, e nós acabamos rindo muito de toda aquela situação. 

Ensaiamos animadamente naquele dia e Chay nos apresentou uma composição nova,Broccoli, e por mais que ele tenha se negado a contar a história daquela música algo me dizia que Chrysta  tinha dado outro bolo no meu amigo. Não sei por que ele ainda ficava atrás dela, Mel era linda, e faria de tudo por ele... Tá, olha só quem está falando, melhor eu me calar. 
Assim que cheguei em casa, passei a foto de Lua dormindo para meus amigos em seus respectivos celulares. A noite passou lenta e eu mal podia esperar pelo dia seguinte, era sexta-feira e provavelmente iriamos tocar em algum lugar; sábado eu convidaria Lua para vir em minha casa, era o dia de folga dos empregados, dia dos meus pais irem ao clube de golf e dia da minha irmã sair com seus amigos esquisitos, casa livre. Se vocês estão perguntando a si mesmos se eu penso em outra coisa que não seja Lua, a resposta é a seguinte: não!

Continua...

Adaptação:Larissa Albuquerque                            @LuAr_Eterno_Smp


#ComentemChocolates                            ~Deixem a autora feliz~


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