19 março 2013

''Betting Her''





Capítulo 4

Créditos:Heloísa Bernadelli 

"Would you tremble if I touched your lips?" (Hero - Enrique Inglesias) 

Mais uma manhã cheia de sol na Inglaterra, isso realmente não acontece todos os dias, nem eu tomar banho todos os dias antes de ir para a escola, mas eu queria perder o horário hoje, eu queria não precisar ir e encarar Lua. Eu fugi dela, quão idiota isso soa? Um cara que tem como missão transar com uma garota e, quando tem a oportunidade da primeira aproximação verdadeira... ele foge. Há, eu sou um burro, agora sim eu concordo com quem quiser dizer. 
Durante todo o café da manhã, ouvi Chay me zoar pelo jantar na noite anterior e meus pais brigarem por ciúme de alguma das partes. Preferi apenas ignorá-los e seguir para a escola. O meu mau humor estava pulsando em cada mínimo canto do meu corpo. Eu acabaria perdendo a aposta, não teria ninguém para ir ao baile, teria minha reputação massacrada, e meus pais ainda faziam questão de ficar brigando por bobeiras. Eu deveria ter ficado na cama. 

- Dia. - Cumprimentei os garotos com um rápido high five e me sentei no banco, debruçando os braços e o rosto sobre a mesa. 
- E aí, cara? Como foi? - Mika perguntou e eu bocejei, denunciando minha falta de entusiasmo. 
- Normal, ela é chata e foge de mim o tempo todo. - Eu nunca menti tanto em uma frase só. Não foi normal, foi bem pior que isso. Ela não é chata, só é inteligente e tímida demais. Ela não fugiu de mim, eu fugi dela, mesmo que não o tempo todo. 
- Ih, acho que alguém vai perder uma aposta, uh? - Peu me zoou e eu o encarei de esguelha, pronto para lhe bater. 
- Eu não vou perder, eu tenho tempo para isso. - Dei de ombros. - Só que ela é... tímida, e nunca deve ter beijado na vida, é uma situação complicada. 
- Realmente, é muito complicado. -Chay disse e eu suspirei aliviado, alguém que concordava comigo, ou não. - Muito complicado mesmo. - Ele disse debochado, olhando para a porta do refeitório. Os garotos riram e eu me virei para lá. Lua segurava sua mochila cinza nas costas, estava com sua saia abaixo do joelho e camisa por dentro, coberta com o casaco, todavia sem o suéter. Os cabelos presos em um rabo-de-cavalo mal feito e os sapatos sem salto um pouco masculinos colocados sobre o meião branco. 
- Acho que ela está vindo para cá. -Mika disse rindo e eu senti meu corpo enrijecer, eu estava nervoso? O que ela queria comigo? E se ela falasse algo sobre eu ter saído correndo? Eu a mataria ali mesmo! Eu me levantei quando ela se aproximou um pouco mais, mas, ao invés de se acercar de mim, ela apenas acenou com a cabeça em minha direção e passou por nossa mesa, indo para a quadra que ficava logo do outro lado do gramado. 
- OOOOOOOOOOOUTCH! - Os garotos gritaram e começaram a me zoar em meio a gargalhadas. 
- Então, né? - Disfarcei, espreguiçando-me, e voltei a me sentar, já rindo com eles. 

Levantamento de fatos: por que ela fingiu que nem me conhece? Alguém já disse que isso é estranhamente ruim? Minha mãe sempre dizia que a indiferença é a pior sensação que existe e agora isso me parece coerente. Eu quis ir atrás dela e saber: por que ela não foi falar comigo e nem disse "oi"? Aquele aceno com a cabeça não parecia certo depois da noite de ontem, será que ela estava impressionada com a minha reação e acabaria rindo da minha cara quando fôssemos conversar outra vez? Bom, porque seria isso que outras garotas fariam, e o que eu faria também. 

- Thur, você não vai para a aula? - perguntou Katherine uma garota com quem eu ja tinha ficado uma 5 vezes , bufei e passei reto 
Ok, Thur, respira fundo e trague isso. Missão: prestar atenção em Álgebra. Eu tinha as duas primeiras aulas dessa matéria e a terceira era Literatura, minha aula com Lua. Acho que era a única que tínhamos juntos nesse ano, ou não, e eu nem tinha reparado até agora. Sentei-me em uma carteira atrás dela, Lucio pareceu não gostar muito, nerd como ela, no mínimo estava tentando algo com a minha presa. 

"Podemos falar?" 

Dobrei o papel e toquei seu ombro esquerdo, vi-a encolher os ombros em um espasmo rápido e abafei o riso na mão, soltei o papel em sua carteira e trouxe o braço de volta, apoiando os cotovelos na mesa e o queixo nas mãos, para fingir uma atenção que eu não estava prestando. 

"Responde!" 

Enviei outro papel e ouvi ela bufar, sorri por isso. Ela depositou o bilhete no estojo, ignorando meu pedido de resposta. Olhei para a professora, que passava algo na lousa, e rasguei mais um pedaço de papel, escrevi outro bilhete rapidamente, dobrei-o e estendi a mão, arrastando-a próximo do seu pescoço apenas para vê-la estremecer outra vez, e isso aconteceu, ahá, Lua Blanco também se excita. 

"Responde, por favor?" 

Implorei, já apelando um pouco do meu orgulho que acenava, tentando chamar minha atenção, e eu estava apenas ignorando seus sinais, esperando ansiosamente pela resposta dela. 

"Sim, mas, por favor, pare de passar bilhetinho." 

Esse foi o bilhete que aterrissou na minha carteira, eu ri baixo e joguei-o dentro do estojo, recostando-me na cadeira e cruzando os braços a fim de passar uma postura, ou tentando provar a mim mesmo que eu tinha, enquanto por dentro eu estava comemorando a resposta daquela garota que nem bonita era. 
Copiei parte da matéria da lousa, mas não tive tempo para copiar tudo o que a professora havia passado. Levantei-me e peguei meu fichário, apoiando-o na lateral do corpo enquanto caminhava para fora da sala. Lua estava encostada na parede segurando seu fichário rosa bebê contra o corpo, acho que estava me esperando. 

- Hey. - Eu disse, aproximando-me, senti meu estômago dar uma volta inteira. 
- Oi. - Ela disse, encolhendo os lábios em seguida. 
- Vamos... comer alguma coisa? - Eu apontei com a cabeça para o refeitório, sem ter certeza de que deveria fazer aquilo. 
- Acho melhor não. - Ela disse, baixando a cabeça, e eu arqueei as sobrancelhas. 
- Por que não? - Eu perguntei, abrindo um pouco os braços. 
- Porque você não quer ser visto comigo. - Ela sussurrou, olhando-me, e eu senti meu estômago afundar, traguei em seco e neguei com a cabeça. 
- Eu não estou aqui falando com você? E não estou te convidando para ficar o recreio comigo? - Ela assentiu. - Então! - Eu dei de ombros e passei meu braço em torno dos ombros dela, que se encolheu, mas me seguiu. 

Assim que passamos da porta, senti minhas pernas hesitarem, eu estava a ponto de sair correndo. Jessica cobriu a boca aberta de espanto e começou a rir junto com suas amigas, que não pareciam achar tão engraçado assim, mas a seguiram. Eu escolhi uma mesa no canto e puxei uma cadeira para Lua, ela me agradeceu tão baixo como um sopro e se sentou, deixando seu fichário na cadeira ao lado, como se quisesse me manter afastado. Coloquei o meu sobre o dela e me inclinei sobre ela. 

- O que quer comer? - Perguntei, olhando-a. 
- Só um chocolate frio e um muffin de baunilha. - Ela murmurou e eu assenti, afastando-me. 

Peguei a bandeja e coloquei dois pratos pequenos sobre ela, peguei um muffin e coloquei dentro de um deles e no outro eu coloquei um lanche natural e uma donut de chocolate. Senti um empurrão e soube que era Chay logo que eles começaram a rir, eu fiz careta e caminhei com eles no encalço até a máquina de chocolate, peguei dois copos e os preenchi, deixando-os sobre a bandeja em seguida. 

Come on, cara, beijou? - Micael perguntava curioso, seguindo-me. 
- Não, nós vamos conversar, saiam do caminho, merda. - Eu disse rindo, Peu pulava logo à minha frente feito um idiota. - Sai, Pedro! - Quase gritei, ele fez careta e eles se afastaram em meio a gargalhadas. 

Aproximei-me de Lua e deixei a bandeja sobre a mesa, puxei uma cadeira para perto dela, sentando-me ao seu lado. Se ela achou que eu desistiria pelo sinal que ela deu, uh, estava enganada. Vou fingir que nem reparei em nada disso. 

- Estão olhando para a gente. - Eu comentei divertido, retirando a embalagem de plástico do meu lanche. 
- Eu odeio isso, odeio gente me olhando, odeio quando ficam falando sobre mim e eu sei que estão. - Falou rápido e suspirou, fechando os olhos e os abrindo em seguida. 
- E por que isso? - Eu perguntei curioso, é legal quando as pessoas falam sobre você. 
- Porque eles não sabem nada sobre mim, e falam coisas que... não são certas. 
- O que eles falam sobre você? - Eu perguntei e dei uma mordida, desinteressado, ou pelo menos fingindo desinteresse. 
- Nada demais. - Ela deu de ombros. - Nada do que eu deveria contar a você ou algo do tipo. 
- Nossa. - Eu disse surpreso, colocando o lanche sobre a mesa. Apoiei os antebraços sobre ela e virei meu rosto na direção de Lua. - E por que eu não deveria saber? 
- Não é que você não deva saber, só não é algo que eu queira falar. - Olhou-me séria e, segundos depois, curvou os lábios num sorriso que nos fez rir. 
- Certo, se você não quer falar, pulamos essa parte, aliás, eles vão continuar olhando e falando agora mais ainda... - Peguei meu lanche e dei mais uma mordida. - Hum... Então talvez seja esse o motivo pelo qual você não queria vir aqui comigo. - Apontei para ela, que contraiu o cenho, sem me olhar. - Não queria ser vista porque assim eles iriam falar mais de você e por isso... - Fiz suspense e ela começou a rir. - Por isso disse que eu não queria ser visto contigo... BINGO! - Gritei e abri os braços, Lua gargalhou e me bateu de leve, envergonhada com os pares de olhos que nos fitavam intensamente. 
- Fale baixo, seu bobo. - Ela murmurou e eu ri de suas bochechas totalmente vermelhas. 
- Só se você aceitar sair comigo mais tarde. - Apoiei novamente os antebraços na mesa e me inclinei para perto dela. - Ela mordeu o lábio e me olhou de esguelha. 
- Hoje eu tenho ballet. - Murmurou e eu assenti. 
- E depois do ballet? - Dei de ombros. 
- Eu saio de lá às 7, e não posso chegar em casa tarde, então não posso. 
- Onde você faz ballet, afinal? - Perguntei, contraindo o cenho. 
Sandham, no centro. - Ela disse e terminou de tomar seu leite, em seguida o sinal soou por todo o ambiente. - Tenho de ir. - Avisou e virou o rosto para mim. 
- Ok, marcamos algo outro dia? - Ela assentiu devagar e pegou seu fichário. 
- Tchau, Arthur. - Disse, levantando-se. 
- Thur. - Eu consertei e ela se virou para mim sorrindo. 
- Tchau, Thur. 
- Tchau, Lu. - Pisquei de leve e esperei ela sair, recostei-me na cadeira e, quando fui pegar meu lanche, vi Micael tomá-lo e mordê-lo quase todo, sentando-se na cadeira à minha frente. 
- Eu vi essa piscadinha. - Chay comentou, sentando-se ao meu lado, onde Lua estivera antes. Peu pegou meu leite e jogou meu fichário sobre a mesa, ocupando a última cadeira. 
- E daí? - Perguntei, cruzando os braços. - Eu tenho ou não que transar com ela? 
- Uh, ele está irritadinho. - Micael me zoou e eu bufei, não estava achando a graça daquela brincadeira idiota. 
- Tchau. 

As últimas aulas passaram rapidamente e por fim eu cheguei em casa. Minha mãe tinha feito macarrão com almôndegas e eu comi quase toda a travessa. Passei boa parte da minha tarde jogando videogame e só quando minha mãe gritou para que eu fosse tomar banho eu notei que já eram 6h30. Dei um salto e retirei a bermuda, vestindo rapidamente minha calça jeans, troquei a camiseta cinza por uma branca porque a anterior estava suja, de molho. Escovei os dentes, calcei meus tênis, os primeiros que vi, e coloquei um gorro, cobrindo o estrago que eu tinha sobre a cabeça. Peguei minha carteira e me perfumei um pouco. 

- Mãe, pai... 
- Nem pensar em sair. - Minha mãe disse, cruzando os braços. - Já não jantou conosco ontem. - Eu fiz minha melhor expressão de desespero. 
- Por favor, mãe, eu preciso ir. - Eu apontei para a porta e ela desmontou a expressão e sorriu. 
- É a garota de ontem? - Ela perguntou, colocando as mãos no meu rosto. 
- Isso. - Eu respondi, rolando os olhos enquanto ela beijava todo meu rosto. 
- Coisa mais linda da mamãe... 
- Meu bem... - Meu pai disse, rolando os olhos e eu dei risada. 
- Vai lá, só não demore porque amanhã você tem aula cedo. - Ela beliscou minha bunda e eu gargalhei, saindo rápido de casa. 

Dirigi até o centro e estacionei rente ao meio fio, olhando a fachada da academia de dança. As meninas começaram a sair e eu saltei do carro, fechei a porta e me recostei a ele, com as mãos no bolso da calça, esperando ver Lua entre todas elas. Sorri ao vê-la descendo as escadas conversando com uma mulher um pouco mais velha. Ela usava uma meia fina preta, um macacão curto e uma camiseta larga por baixo dele, caindo no ombro direito. Os cabelos desordenados em um rabo de cabelo mal feito, quase soltando-se sozinho. Ela se colocou estática na porta, as garotas me olhavam e comentavam entre si, eu fingia não dar importância a isso. Esbocei um sorriso fraco e ela piscou algumas vezes, como se quisesse acreditar que eu estava ali. Eu forcei um sorriso um pouco maior e ela abriu a boca, depois fechou e olhou para a professora, que intercalou os olhos de mim para ela e vice-versa, depois sorriu, encorajando-a. Ouvi murmúrios surpresos quando ela se aproximou de mim e eu desencostei para cumprimentá-la com um abraço. Até agora não sei ao certo por que fiz aquilo, mas era uma necessidade que provinha de algum lugar do meu inconsciente. 

- Não disse que viria. - Ela reclamou emburrada e eu toquei a ponta do seu nariz num gesto... carinhoso? 
- Eu quis fazer uma surpresa. - Disse, ouvindo as garotas suspirarem. Soltei um riso baixo e Lua rolou os olhos graciosamente, rindo em seguida. 
- Acho que não vai mais precisar da minha carona, certo? - A mulher com quem Lua conversava antes se aproximou e sorriu maliciosa. 
- Er... - Lua começou a encolheu os ombros. 
- Não, eu vou levá-la para tomar um lanche. - Eu disse para a mulher, que sorriu. 
- Cuide dela. - Disse-me séria e eu assenti prontamente. 
- Vou cuidar. - Falei rápido e sorri sem jeito depois. 
- Ok, até mais, Lu
- Até mais, professora Hopkins. - Acenou e se encolheu um pouco. 
- Vamos? - Eu chamei animado, abrindo a porta do carro. 
- É, vamos. - Disse, acercando-se e pedindo minha mão para subir, estendi e a ajudei na tarefa antes de fechar a porta e entrar também. 

Eu dei partida e o silêncio reinou nos primeiros instantes. Ela parecia um pouco nervosa e eu estava me questionando quantos dias seriam necessários até que ela se acostumasse com a minha presença e parasse de mexer tanto nos dedos como se quisesse quebrá-los ou algo do tipo. Aquilo realmente me deixava irritado, e me fazia sentir como se eu fosse um monstro e pudesse fazer algum mal a ela, não que isso não fosse de um todo verdade, mas que mal tinha em fazer um pouco de sexo? Ela iria até gostar de transar comigo, aposto como nunca tinha ficado com um cara como eu, se é que ela já tinha ficado com algum. Haha, impossível ela ser virgem, nenhuma garota de 17 anos é virgem hoje em dia... ou é? 
Para cessar com aqueles movimentos irritantes, eu estiquei minha mão e pousei sobre as dela,Lua  se colocou imóvel no mesmo momento e um alívio percorreu meu corpo, fazendo-me relaxar no banco. Fiz um carinho suave com o polegar e pensei em retirar minha mão, mas de repente seus dedos me pareceram mornos e confortáveis, então eu entrelacei eles aos meus e algo estranho aconteceu com o meu estômago, uma ânsia ou... não sei, qualquer coisa que eu nunca tinha sentido ao segurar a mão de uma garota antes, aquilo precisava passar ou eu iria sufocar, tamanha falha na minha respiração. 

- Então. - Disse tão alto que ela sobressaltou, eu ri um pouco e apertei sua mão na minha. - Burger King ouDomino's? - Perguntei, passando o polegar pelo dela. 
Burger King. - Ela disse e eu sorri, assentindo. - E-eu... não posso demorar, Thur. Eu tenho que estudar ainda. - Ela me avisou. 
- Não tem problema, vamos comer e eu te levo em casa, está bem? - Eu estava sendo tão pateticamente carinhoso que até eu sentia nojo. 
- Ok. - Sorriu e virou o rosto para a janela. 

As coisas pareciam melhores agora, e ela parecia mais tranquila com minha proximidade. Estacionei o carro e desci, e isso ela conseguia fazer sozinha. Senti-me ligeiramente constrangido ao notar que a lanchonete estava cheia e Lua não estava exatamente bem vestida, mas eu não podia desistir agora. Deixei meu braço descansar em torno de seus ombros e empurrei a porta, dando espaço para ela entrar e o fiz em seguida. Cumprimentei uma pessoa ou outra e nos dirigi até a única mesa desocupada. 

- Hum, o que vai ser? - Perguntei olhando o menu que ela segurava com as pontas dos dedos. 
- Não sei. - Deu de ombros e eu voltei meu olhar para a tabela de lanches. 
- Eu vou pedir um Angry Whopper. - Disse decidido, ela me olhou e voltou os olhos para o menu, riu baixinho. 
- Acho que... vou pedir um também. - Mordeu o lábio insegura, e eu confesso que estava um pouco surpreso, afinal, era quase o maior lanche e ela deveria pedir um sanduíche de frango com salada... ou não? 
- Boa escolha. - Eu disse sorrindo. 

Fizemos os pedidos e entramos num assunto qualquer sobre rede de lanchonetes. Eu dizia que ali era a melhor lanchonete, e ela discordava, dizendo que ainda preferia o clássico Mc Donald's, eu dizia que ela era padrão e então ela brigava comigo. Admito que em cinco minutos eu me esqueci das pessoas que nos encaravam e cochichavam. Na verdade, eu não estava me importando com isso, e desde que cruzei a porta eu percebi isso. Ela era engraçada. Chata... como eu a descrevia para os garotos... Na verdade, eram aquelas garotas com quem eu saia e que preferiam fazer um boquete a conversar sobre música. 
Terminamos de comer quinze minutos depois e ainda sobraram as batatas para ficarmos comendo vez ou outra quando o assunto acabava. Antes de irmos embora, pedimos uma "coisa lotada de calorias", definição que a Jessica deu para a torta de maçã com sorvete, que eu e Lua comemos sentados dentro do carro. Estava um pouco frio e o aquecedor nos mantinha mais confortáveis. 

- Eu não acredito, isso é... ridículo. - Ela negou com a cabeça, sua boca estava toda borrada com sorvete de creme, eu sorri divertido. - Eles deveriam ter dado uma chance, isso é sério, não ria. - Ela disse, olhando-me, e eu sorri mais ainda. - Você... - Deu de ombros e umedeceu os lábios. - Já tentou procurar um agente em Londres? - Eu estava paralisado no movimento de seus lábios contornados com sorvete e canela, eu nem reparei quão próximo já estava. - Poderia... ser melhor. - Ela disse constrangida e engoliu em seco. - Não é? - Eu não podia mais esperar, eu queria beijá-la, então colei meus lábios nos dela de uma vez, pressionando-os de leve. Abri os olhos e me afastei devagar,Lua  estava parada com os lábios entreabertos e os olhos fechados. Meu coração acelerou quando ela abriu os olhos e me encarou com uma expressão confusa e adoravelmente inocente. - E-eu... Não sei o que fazer. - Sussurrou quase inaudivelmente, com o cenho contraído. 
- Shh. - Eu pedi silêncio novamente, aproximando meu rosto do dela, chegando à rápida conclusão de que Lua poderia nunca ter beijado, agora isso parecia claro para mim. - Feche os olhos. - Eu pedi também em tom baixo, vendo-a me obedecer. 

Suas pálpebras trepidavam e sua respiração entrecortada batia em meus lábios. Eu passava meu nariz pelo seu enquanto me livrava da embalagem de torta que ainda tinha nas mãos. Deixei-a no banco de trás, a primeira coisa que consegui alcançar e que me pareceu seguro. Coloquei uma das mãos em seu pescoço e a vi apertar os olhos. Passei o polegar por sua bochecha e toquei seus lábios com os meus. Minhas pálpebras pesaram e baixaram por vontade própria. Eu pressionei um pouco mais nossos lábios antes de apartá-los e roçá-los nos de Lua, até ela dar espaço suficiente para um beijo. Deslizei minha língua por sua boca e ela hesitou por alguns segundos, mas depois cedeu e me deixou beijá-la. Eu sentia meu coração  palpitando enquanto um misto de sensações me invadiam e se manifestavam por todo meu interior. Uow, talvez a certeza de que ela nunca havia beijado não fosse tão certa assim. Ela sabia bem como controlar a língua e dosar a saliva, ela beijava muito bem, ela não deveria beijar bem, eu não deveria gostar... Droga! 
Lua quebrou o beijo e meus olhos foram se abrindo aos poucos. Minha visão demorou um pouco a entrar em foco e só então pude vê-la. Ela parecia atônita, nervosa e envergonhada, mas isso fora fácil descobrir, dito que as bochechas dela estavam totalmente rosadas e seus olhos não sabiam para que lado olhar, menos para mim, é claro. Ergui a mão de seu pescoço e passei sua franja para trás da orelha. Seus olhos pousaram em mim e eu abri um sorriso idiota... Digo, um sorriso... um sorriso comum, ou um pouco aberto demais. Ela mordeu o lábio e sorriu enviesado, sexy? É, ela podia ser considerada uma modalidade diferente de ser sexy, mas não deixava de ser, eu juro que não. 

- Eu tenho de ir. - Ela disse baixo e eu assenti. 
- Vou te levar para casa. - Pisquei e me afastei, puxando o cinto e vendo-a fazer o mesmo. 

Dirigi em silêncio até em casa. Eu tive vontade de falar sobre qualquer coisa várias vezes, não gostava muito do silêncio, mas notei que ela precisava daquele momento de reflexão, afinal, ela tinha beijado Arthur Aguiar e não tinha nenhuma amiguinha para sair gritando ou algo do tipo. Ela ainda estava vermelha e eu não queria constrangê-la ainda mais. Só pude perceber quão desatenta estava quando estacionei o carro em frente a sua casa e ela nada fez, apenas continuou passando os dedos uns nos outros. Ri sozinho e desci do carro, caminhei até ela e puxei a porta, ela sobressaltou assustada e depois sorriu sem jeito. Ajudei-a a descer e fechei a porta, caminhando com ela até a varanda de sua casa, segurando sua mão na minha. 
- Obrigada. - Ela agradeceu e eu sorri, segurando ambas suas mãos. 
- Não tem de quê. - Eu disse, acariciando sua pele com os polegares. 
- Boa noite,Thur. - Ela murmurou, olhando os próprios pés, e pude notar sua petrificação quando ela viu meus labios se aproximarem um pouco mais dos seus. Ergueu devagar a cabeça e observou minha aproximação, até que eu novamente encostei meus lábios aos dela e a beijei. 

Nossas línguas se envolveram facilmente dessa vez, e ela parecia um pouco mais acostumada com a situação toda, mas a peguei de surpresa quando soltei suas mãos em meus ombros e levei as minhas em suas costas, trazendo-a um pouco mais para perto, o que a fez tropeçar em meus pés. Nós rimos e quebramos o beijo por isso, eu a abracei devagar e me peguei sorrindo feito um tonto enquanto inalava o cheiro de seu pescoço, suspirei e a soltei devagar. 

- Boa noite. - Ela disse, levando a mão à maçaneta. 
- Noite. - Acenei e beijei sua bochecha rapidamente antes de sair correndo de volta para o carro. 

Pouco antes de entrar, eu ergui o rosto para ela, que estava encostada no batente,Lua acenou para mim e eu sorri, acenando de volta. Ela bateu a porta e eu senti meu coração disparar sem motivo aparente, apertei com um pouco mais de força a maçaneta da porta do carro. Meio caminho andado... E eu só queria não o ter percorrido, aquela aposta era um erro, mas se eu tivesse sorte ninguém nunca saberia sobre aquilo, lembre-me de rezar por isso antes que essa noite termine.

Continua...


Adaptação:Larissa Albuquerque                            @LuAr_Eterno_Smp


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